domingo, novembro 09, 2008

redução no estômago diminui a gastrite.

Essa é o tipo de certeza que não fazia a menor diferença para existência, mas gostava de pensar que aquela menina realmente me odiava. Nunca vi sorrisos e respostas confirmarem tanto essa impressão. Não sabia se estava certo, mas não estava muito longe da verdade. Se aquilo tudo era charme, merda!, a existência realmente alcançou as raias do patético. Eu simplesmente queria ver aquilo tudo mais de perto, queria sentir aquilo tudo mais na pele. Não me importava de ser parte do ridículo, não me importava em ser parte da piada. A vida era uma loucura-de-mão-dupla e, simplesmente, não optei por fazer o papel de leva-e-traz desse tipo de insanidade. Estava mais uma vez deslocado, nem era por causa do ódio característico do seu olhar, aquilo simplesmente me acolhia porque gostava de senti-la me odiando bem próximo. Sentia-me desconfortável somente quando o seu convite para a convivência me colocava numa espécie de sinuca de bico, quando seu ódio era uma mensagem criptografada, inteligível somente para seus amigos mais antigos.
Dulce era doce, mas nada adoçava seu olhar envenenado. Ela gargalhava como se aquilo fosse um privilégio, uma exclusividade da sua pessoa, isso fazia do meu estômago um cárcere da revolta. Minha consciência procurava dezenas de motivos para acreditar que ela era traumatizada, que fazia aquilo numa vingança contra o mundo quando, na verdade, ela simplesmente fazia da nossa intimidade o adubo de seu prazer malicioso.
Minha mão queria esmagar a dela, meus olhos queriam incendiar sua alma. Eu era um homem ridículo, mas se esse ridículo fosse exclusivamente meu, aceitaria de coração. Talvez ele até fosse exclusivamente meu, eu queria ser a porra do lobo da estepe, não queria? Mas antes disso, antes de colocar esse projeto em andamento eu.... eu tinha amigos, tinha mulheres, tinha família... onde eles estavam? Eu sei a resposta. Soterrados na minha própria insanidade.
Um princípio de convulsão começou a se apoderar de minhas células, músculos e papilas.
Precisava encontrar alguma calma. Precisava encontra alguma frieza.
Queria odiá-la, mas isso não era o papel social dela?
Queria responder mais do que perguntar, queria me sentir ignorante novamente. Eu sei o tanto que aquilo fazia bem para o meu espírito elevando-o até passar por cima de toda pretensão gentalhesca.
Ladainha.
Você foi a última pessoa por quem me apaixonei e provavelmente será a última. Não pense que sou piegas ou dramático dizendo isso. Por favor, não grite ou discorde de mim. Não te incomodo muito e só digo isso para impedir que o vazio se apodere de mim. Ele é infinitamente mais doloroso que qualquer ataque seu. Você só precisa esperar até isso acontecer novamente, até que eu me apaixone por outra pessoa de novo. Que ela me odeie ou ame, dane-se. Você me desculpe, mas preciso acreditar que essa paixão por você será eterna independente de toda rejeição, desprezo, mau-caratismo, deboche, ironia e maledicência que você, meu amor, tenha proferido. Você não precisa me atender no telefone, não precisa ler meus emails ou conversar comigo, eu só peço que continue ai, do jeito que você está em minha memória. Por favor!
-... (um grunhido diz alguma coisa que só eu consigo entender e que é simplesmente intraduzível)
-Impossível!? Quem disse esse absurdo!?
-.... (novamente)
-Minha própria memória? Não é de hoje que me sinto traído por essa meretriz!
- ....
-Se você não é exatamente aquilo que contive em minha memória por quem estou apaixonado? Isso tudo era uma miragem desde a sua origem?
- Você é viciado na sensação de estar apaixonado, independe o “conteúdo” ou melhor, independe a “outra”.
- Por que só agora você se manifesta?
- Porque me cansei do seu egocentrismo.
- E quem é você?
- Sou sua ressaca.
- Prazer.
- É todo seu.

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