terça-feira, outubro 09, 2012

Liberdade

A liberdade logo chegará, no mar ou nessa ilha. Porque o ceu continua generoso, e o vento ainda sopra gostoso.
Sou feliz ate pelas minhas cicatrizes, quantas vezes elas nao foram poderosas atrizes? Me fazendo parecer mais sofrido do que deveria, me tornando mais humano do que gostaria.
Aprendi do jeito mais dificil, mas isso nunca me fez amar o sacrificio.
A liberdade nem sempre eh conforto, no vazio pode suicidar um roto, que no emaranhado das suas linhas, sufoca-se na saida mesquinha.
A liberdade eh o mar, a liberdade eh o que queriamos, mas nao tinhamos coragem de pedir um ao outro.
Hoje as historias que me rodeiam tornam-me cada vez mais algo que muitos odeiam, a verdade esta no vinho. Na ambiguidade da garrafa vazia, na certeza da mente ebria, no momento da decisao fulminante.
No coracao que insiste em bater, prolonga-se a narrativa em que rastejantes e bravos sao protagonistas de seus proprios dramas.
Quem diria que poderia vestir tal camisa? E fazer tal loucura?

(Em construcao)

terça-feira, setembro 11, 2012

Louco rio

Louco rio que segue seus imperativos até o fim, inevitável destino, seu desaparecimento em águas oceânicas. Louco rio que molda rochas, mas não é capaz de voltar atras.
Adiante louco rio, seu volume de certezas não o impede de cultivar mistérios em suas curvas.
Louco rio, seu destino é a foça ou a foz.

Em processo

terça-feira, agosto 28, 2012

Dane-se tudo! Todos comentários e julgamentos se você anda buscando nunca trair a si mesmo, se você acredita que pode ser tudo ou nada! Se injustiça e meio termo são sinônimos em algum plano.

Conhecendo a profundidade, sempre pule de cabeça!

Esse é um mundo louco em que tenta-se de toda forma aparentar uma normalidade fútil.
Os libertários também tem suas prisões se deixam de derrubar os muros que crescem diariamente.
Os autoritarios cospem tijolos e os resignados lubrificam a maquina.

Hoje é o dia.

quinta-feira, agosto 02, 2012

Eu mudei cem vezes de nome
Ja engordei e senti fome
Conheci hoteis caros e a grama gratuita
O edredon quente e a brisa oculta
O luar sem dono já foi meu
Na mesma noite insana que foi de todo mundo
O trovao surdo disse em voz gutural
Que o destino ainda nao eh o final
Quantas vezes o desvio foi meu unico caminho?
Quantas vezes fui rude em busca de carinho?
Eu sei da sinceridade que escorre no suor
Do fôlego coletivo que divide o fardo
Pois o amor só pode ser honesto
Pois o amor não pode ser deserto.

domingo, janeiro 22, 2012

a onda infinita

"Certamente não', me soprava a razão." (Dostoiévski, O jogador)


Quantos são os episódios onde a razão tem pouca eficácia? Eram tantos os casos onde ela não servia para Franco que já considerava seriamente - e aqui vemos como ele era paradoxal -, se entregar a loucura. Conforme o recorte da realidade a sua lógica, mesmo seguindo parâmetros racionais, ao invés de lhe aproximar de um entendimento sadio do mundo, empurrava-o para a mais profunda obscuridade, não existia senso capaz de frear sua teia de pensamentos. A partir de uma suposição levemente ofensiva, mesmo que sutil, dava então início a uma reunião de pensamentos em associações complexas com significados sempre cortantes. O engraçado é que foram poucas as vezes em que, por causa do pensamento, ele tenha explodido, agido e até mesmo contestado. Depois da maturidade não lembro de nenhuma mais enfática. Seus pensamentos eram seus e isso atormentava ele ainda mais.
Faz algum tempo ele esta dominado por uma ideia, uma ideia antiga que assombra homens e mulheres. Como ela entrou na sua mente? Como ela cresceu como um cancer dentro do seu cérebro? São perguntas que não consigo responder, mas desconfio que mais cedo ou mais tarde ele iria cair nesse labirinto sem saída. Com esse pensamento corrosivo ele se ocupa durantes dias e noites, uma febre da mente que atinge todo seu corpo, do estômago aos fios de cabelo.
Seguro de que esta sendo coerente, atravessa o inferno através do pensamento, remói com habilidade cada gesto alheio que confirma sua teoria. Nem tem saído mais para não esbarrar novamente com esse tipo gesto. Agora mistura um pouco do passado, era uma outra história, mas isso não importa. Tudo esta conectado, tudo tem que estar conectado. Esta sofrendo cada vez mais, é quando o pensamento começa a machucar que sente o poder da lógica. Franco está confiante, a ideia parece tão precisa e lúcida que chega a ser transparente.
E antes que ele mesmo provoque aquilo que a covardia alheia se nega a fazer com as próprias mãos, porque mesmo que infligindo esse tipo de provocador é antes de tudo um covarde passivo. Franco desarma-se de tudo que fere, atravessa os últimos metros das sombras através de uma inércia exaurida.
Sofreu, não fez nada, mas está convicto. A exaustão trouxe mais uma vez um tipo de paz que somente ela traria.