domingo, junho 17, 2007

as portas da percepção ou de como eu preciso do seu olhar


o silêncio deixa uma infinidade de possibilidades para a imaginação e a imaginação é, para a realidade, uma porta fechada. e sabe que o é. vamos supor que você seja bom nisso e que sua imaginação encerre muito mais possibilidades do que o usual e que você se diverte nessa busca angustiante para chegar ao máximo de possibilidades, você passa pelas mais dolorosas e experimenta de sua dor, pelas mais alegres você se diverte e sorri e assim por diante, você acaba introjetando todas elas e acaba retornando em algumas e não são poucas as vezes, mas a troca de silêncios, para ser saudável, exige muito mais compreensão entre imaginação e realidade (do objeto) do que parece. Pois a natureza do silêncio é ambigüa, pode compreender o entendimento mais pleno e a indiferença mais fria.
Apesar da sensação de ter experimentado tantas possibilidades e tê-las sentido como se estivessem tocando a sua pele, você sabe que a porta ainda estava fechada e que pouco vale esse universo de experimentações imaginárias se o objeto não abrir a porta e deixar que você sinta não mais um milhão de possibilidades imaginárias, mas um milhão de momentos de possibilidades infinitas.

domingo, junho 03, 2007

existem noites que somos bons, existem outras.... que somos horriveis.

-"Noite sem sentido." - Pensei e continuei - aqui o jogo é mesquinho, não me agrada. Na verdade, nem me sinto tocado por esse jogo. Não me sinto desafiado, há muito tempo isso não faz diferença para mim, digo... afeta meu humor, mas não meu espírito. E o que me traz novamente nesse lugar? O que diabos me traz? A possibilidade do encontro! É verdade! Minha eterna fraqueza sociabilizante. - sorri para mim mesmo, um sorriso doente e louco e nessa hora percebi que haviam notado minha alegria autista. Meu silêncio e concordância despreocupada haviam irritado o democrático ditador daquela casa.

- repara que ninguém consegue ficar parado.
- mas isso não significa nada, estamos sempre em movimento. e tem a coisa da música, ela mexe com a gente.
- sim, essa música é horrível. Amaldiçoados aqueles que não reconhecem seus limites. Mas isso, de estarmos todos em movimento não signifca que seja impossivel analizar o movimento, veja bem...
- por que retorna sempre as mesmas questões?
- digamos que sou chato. - e continuou - minha vida toda me encaminhei para tornar movimento. Nunca fui apegado a nada, meus amores nunca apareceram para mim enquanto perspectivas futuras, era o momento. Minhas posses estão a mercê de todo o imprevisto e desapego. Não lustro coisas mortas, nem tiro a poeira da velharia. Tudo para mim tem que acontecer e morrer na acidez do tempo. Mas veja a contradição, não viajo faz muito tempo.
- a maior parte do tempo, você se pergunta sobre o tempo. não vê que aniquila todo o sentido girando inercialmente?
- lá vem você denovo com esse papo sobre inércia. sabes muito bem que venho girando ao redor das coisas para vê-las em todos os ângulos e se não bastasse meus temas variam conforme meu espírito. Não abandono um problema por sua complicação, abandono-o quando a minha resposta me satisfaz. Posso não ser o cara mais feliz do mundo, mas me aturo muito bem. Não me vê reclamar sem propósito. E fique sabendo, agora estou a estudar a urgência.
- Sim, interessante. E já digo, que tu parece desesperado.
- Toma a forma pelo conteúdo, sabes que sou calmo. Nervoso não consigo pensar, é uma fraqueza deixar que me tirem do sério, mas acontece. Sou humano. Nessas horas fico reduzido à nada. Não estou desesperado, digo as coisas com uma urgência benéfica, estou a me acostumar com este estado excitado. Talvez melhore nas próximas situações críticas.
- Críticas?
- Nervosas, que seja.
- Mas o que tem de positivo a urgência?
- Acredito que se eu estudar a urgência posso fazer do impulso, que os momentos urgentes exigem, uma arma mais precisa. Na verdade você trouxe a conversa para onde eu realmente queria chegar, a urgência e o impulso que ela exige de mim. Nessas horas nervosas eu me comporto muito mal, acabo tropeçando nas minhas próprias pernas, resolvi estudar isso para que nesses momentos, na menor fração de tempo possível, eu obtenha a resposta mais curta e esclarecedora possível, tanto física quanto retóricamente. Como sabe reajo pouco ao mundo, abandonei quase tudo que a humanidade glorifica. Sempre tive essa tentação pela solidão, não me leve a mal. Estou bem assim.
- Não te levo a mal meu amigo, só fico preocupado com suas idéias. Andas a ler muito e a viver pouco, mal fala comigo. De que adianta seus "exercícios" - e fez o gesto com as mãos como se colocasse as aspas - se anda escondido? Parece fraco.
(continua um dia)

sexta-feira, junho 01, 2007

solitude's temptation vs. desire

quando meu pensamento se desfaz em sombras, caminho taciturnamente pelo barulho da confusão.
quando meu pensamento se faz de sombras, caminho pensativamente pelo silêncio da solidão.
é tudo uma questão de causa e consequência.
caminhar é a única constante que obedeço. que meus pés me levem para longe do mundo dos homens e para perto do mundo dos deuses. eu sei que vou longe.
minha bagagem é leve quando sou sincero, enquanto o fardo da mentira é pesado e escorregadio. dificil de carregar, você vai constatar.
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era uma coisa virou outra
minh'alma grita rouca
para ler em braile
os mistérios de su boca.