sábado, outubro 27, 2007

"e no final o desprezo recebido é sempre maior que o esperado." L.p. outubro/07

será que essa frase já existe ou é uma daquelas verdades absolutas que trazem a impressão de já existirem ou de ja terem sido ditas de outra forma?

domingo, outubro 14, 2007

onde não existe o sentido só resta o desespero.

segunda-feira, outubro 08, 2007

fragmentos

"No final as palavras são só uma forma de vestir sentimentos" Leonardo Prata 06/08/07

"Tenho uma sede, uma secura na boca. Um deserto no peito quando cultivei nos campos do apego. Às vezes um descompromisso malevolente e uma miopia para enxergar em perspectiva. Um Midas ao avesso que deprecia tudo o que tem nas mãos e adora seu passado como se tivesse um olho nas costas.” (Trecho encontrado em um rascunho sem destinatário em 12/06/07)

"Tenho um apetite pelo presente que só encontra rival à altura na minha vontade de ver o amanha nascer novamente diante dos meus olhos” (L.P. perdi a data)

"Existe alguma coisa em mim que parece invulnerável, uma vontade de estar com os olhos e ouvidos abertos, mas que perde o sentido para o mundo conforme minha fala se esvai ou meu apetite pela sociedade diminui." (L.P. perdi a data e mais um monte de frases legais)

"o alcool é o melhor removedor de manchas espirituais"

Se na época em que eu estava escrevendo "frases" enviei alguma para "você" que não se encontra aqui por favor me devolva.

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Pedaço de algum livro brilhante que estou escrevendo... brincadeira.

As idéias haviam desaparecido das conversas, percebera isso primeiramente enquanto sensação negativa e porque não dizer, reduzida. Não se sentia satisfeito com o universo das sensações, precisava senti-las para além do mau-humor e da febre. Um mal-estar lhe habitava o espírito, sem passar pelo coador da razão, essa sensação não lhe transcendia o raio fisiológico, não se convergia em retórica, não amadurecia em conceito, essa clausura da sensação em sua manifestação puramente biológica, confinou por osmose o seu espírito. Eu conhecia Gerson Brener muito bem e sabia que para um homem que levava os pensamentos a sério, não conseguir decifra-los poderia acarretar mais tormento que a própria sensação fisiológica, algo comum em suas atitudes, um eco que não diminuía gradativamente o volume, mas ao contrário aumentava até tornar-se insuportável. Contou-me o que estava sentindo e que iria se debruçar sobre essa sensação, estudá-la mais a sério.No inverno daquele ano entregou-se ao silêncio, foi a última notícia que obtive sobre seus "estudos" antes da carta que recebi. Na carta, uma espécie de grito calmo me escreveu sobre as conclusões as quais chegara sobre a natureza do silêncio, mesmo acreditando que ele era o único lugar onde o dualismo poderia ser extirpado, só alcançava esse oásis através da meditação. A partir do encadeamento do pensamento o silêncio era por excelência ambíguo, mesmo assim conseguiu retirar uma dialética superadora, sobretudo no que tangia a busca da serenidade. Escrevera-me que "toda tranqüilidade detinha em algum lugar nela um aspecto silencioso, mas que nem todo silêncio era tranqüilo". O silencio era para ele sem mistérios, puramente reflexivo não só para as questões das idéias e da alma, mas como espelho desta última. Se confundiram alguma vez na história o olhar com o silêncio como detentor dessa função, não caíram, assim, propriamente no erro, mas no pecado da redução. A visão é facilmente ludibriada, mesmo que o olhar contenha mais alma que as imagens, os olhos há muito tempo estavam sendo sobrecarregados e nessa avalanche de imagens e com a nova velocidade em que elas apareciam o olhar não ficou desconfiado, na verdade, ficou hipertrofiado perdendo sua capacidade investigativa, sendo sobre tudo a janela da ilusão. Disse-me outro dia que não se assustara quando percebera que a ilusão havia descido, sobre tudo na consciência das massas, ao reino da visão.