quarta-feira, janeiro 10, 2007

já é hora de desvirar a ampulheta


Deveria estar certo de que ao desvirar a ampulheta começaria uma nova contagem do tempo, mas desde que a ampulheta parou o que essas areias guardaram dentro de si naquele contar do tempo? Construíram castelos de areia, forminhas de praia, palavras sutis e atritos... ora escorreram suavemente ora dolorosamente, como se estivessem arranhando meus olhos. Sólidas e salgadas estruturas, diria, se não carregasse a doce propaganda da memória sem rastro, foliginosa e enfumaçada. Não faz mais diferença, as areias são pequenos manuscritos do tempo, nelas estão contidas todas as experiências dos milênios, vem de bem antes da minha recente existência e a elas juntar-me-ei num futuro recente. Quem duvidaria de nossa pequenez?
Será que as areias envelhecem? Talvez elas sejam as formas da velhice, o pó. São pelo menos quando uma bunda velha senta e deforma a areia com suas curvas mulambentas e gravitacionais.
As areias desertas de qualquer estação gravam sua volúpia silenciosamente, resistem ao seu destino atômico e tragicômico, afinal quem será lembrado nas areias do esquecimento? Quem será amado ou odiado? Quem terá o perfume tatuado e a textura da sua pele impregnada dos/nos poros de outrem? Quem conhecerá os segredos dos mares da outra pessoa e terá a sensação de estar sempre a desvendá-los em qualquer momento? Tanto nas lembranças quanto na imaginação!
Agora sou um exercício, uma matemática torta que visa potencializar todos os momentos da vida, sem piedade minha ampulheta soterra o tempo e minha miserabilidade. É a faca que você, supostamente, amola contra si mesmo. Acreditando que viver entre o delírio e o mistério torna a vida um pouco mais excitante. Não existe mais contabilidade, nem balança. A ampulheta nunca foi desvirada, porque ainda não acabou, quem desvira a ampulheta é a morte e nosso xadrez ainda esta no começo da partida, espero.

sempre inacabado, como precisa ser.

14 comentários:

Anônimo disse...

volte... vc ganhou mais tempo.

abração.

Gustavo disse...

não há fluidez com pedras no rim

Marcelo Fonseca disse...

ta nos meus favoritos, visitarei vez por outra ok, bandidão, depois falaremos mais sobre sua proposta.

abraço.
Marcelo.

Duda Bandit disse...

li de novo essa parada e percebi coisas que não percebi a primeira vez... é um texto e tanto, bicho...

até...

Anônimo disse...

ei... tudo legal, cara?

eu não sei se tá na hora de publicar não... mas quando for fazer, se fizer, eu queria buscar outro meio, não quero fazer projeto justificando meus contos para uma comissão de escritores obtusos... a gente vai ter que cavar em outros lugares, bicho... tem pá aí?

abração


saulo.

Duda Bandit disse...

estou indo pra estrada... e breve por aqui de novo... abração

db.

Gustavo disse...

demorou pra vc vir, mas esquece a verdurada. quando que é?
abraço

Anônimo disse...

Acho que tentaria fingir ser a pessoa 'mais legal' possivel para ter o deleite de escorregar e me perder em seus agridoces labios, como alguem que procura nao se afogar em meio a ressaca da mare revoltada de verao pos chuva de primeiro dia do ano.
Iemanja nao daria a mim o bel prazer de ter-te tao em breve em meus braços, menos ainda ver-te e sentir-me segura nos labirintos e abismos de teus afagos, mas me afogaria na saudade e ausencia que tu me faz. Alma mediocre e desesperada minha, mergulha de ponta cabeça no calabouço da espera.
Que merdas sao 28 dias, como se fossem 28 séculos, 28 eras. Mal posso esperar por 28 milésimos!
Desespero só um miseravel tem ao passar fome, nao passo por nada disso, metaforicamente, a única fome que sinto é a fome de teu sabor. A única sede que sinto é a sede do seu amor (caso ele nao exista, que eu me transforme em um camelo hidratado pela ilusao que um dia ainda há de desencarnar no deserto), e se sinto algum tipo de tesao, é por passar o tempo imaginando a estrada ao seu lado, atravessar duna após duna rumo ao infinito, viajando eternamente no seu ser, falando bobagens enquanto procuro qualquer caminho ao qual nao pretendo chegar em lugar algum que nao seja ao interior de seu ser.

(desculpe-me os despautérios acima, palavras de alguem que esta apenas no clima de desvendar seus misterios e mal pode por esperar o carnaval chegar, quando hei eu de te sequestrar...)

Anônimo disse...

e me perdoe a falta de acentuacao grafica, sabes tu mui bem que, no computador da casa de minha mae o teclado e desconfigurago e meu texto por mais simples que seja fica pauperrimo devido a faltas do recursos ortograficos para a a linguagem!

=**=

muah

Anônimo disse...

Já é hora de atualizar esta buceta!

(desculpe a palavra de baixo calão, mas até que rimou com o título, não? não?)

Muah =**=

Anônimo disse...

crazy, se tu der uma olhada aqui, fica esperto no teu e-mail do vicios imorais.

aquele abrá,

Marcelo Fonseca disse...

Bonito e real. Eu enho também meus dilemas com o tempo e a permanência das coisas. O tempo eu não alcanço, e a permanência não existe. Se um dia pintar pelas bandas de cá me dê um alô, continuamos amigos não se esqueça, e sou amigo dos teus amigos de cá tab.

abraço bandido.
fica bem.

Marcelo Fonseca disse...

Bonito e real. Eu enho também meus dilemas com o tempo e a permanência das coisas. O tempo eu não alcanço, e a permanência não existe. Se um dia pintar pelas bandas de cá me dê um alô, continuamos amigos não se esqueça, e sou amigo dos teus amigos de cá tab.

abraço bandido.
fica bem.

Mayara Mariani disse...

Adorei! Ao ponto de me inspirar a fazer uma tatoo