domingo, março 18, 2007

e o silêncio e a alma

oh alma trancafiada, que nao uiva, mas cala. dorme, dorme e dorme e, quando não, cava sua própria vala.
parece aceitar a jaula, mas conhece os sintomas de sua clausura. ignora-os ao gosto do momento. por onde sorrateiramente transborda essa alma? mutável, prefere a fumaça à forma. escorregadia e foliginosa e calma. doces são os tempos de liberdade quando escapa de seus próprios tormentos, quando finge ter algum talento. sabe-se que é resistente ao silencio. então controla o incêndio e quase deixa escapar, palavras de amor ou raiva nesses dias sem paladar. vai alma penada, desce a escada, atravesse a parede e transborde a rede com sua sede. bêba até o último gole porque você entende mais lúcidamente de porre e se alguem te importunar, mande a loucura procurar. oh alma tranca afiada. devagar, devagar, devagar. bocejar, bocejar, bocejar. que ampla cadeia que é o silêncio mas que dói e aperta mais o coração do que escrever.

2 comentários:

Anônimo disse...

Carai..

Anônimo disse...

Conto em letras garrafais - Marina Colasanti

Todos os dias esvaziava uma garrafa, colocava dentro sua mensagem, e a entregava ao mar.
Nunca recebeu resposta.
Mas tornou-se alcoólatra.