1.
Já vivencie em vários momentos a sensação das palavras envelhecerem. o que chamei de engavetar sentimentos, conserva, de alguma maneira, aquilo que de fato já adoeceu, mas que em rodopíos frequentes, trazem em minha mente o gosto que era teu. o significado que dou a isso já não te interessa mais é o perfume fugaz de um tempo que jamais irá voltar. essa é minha brincadeira com o tempo, um jogo particular que tenho com meu passado que as vezes esbarra num enroscado de pernas, numa carícia mais tenra ou em beijos delicados. Se o corpo já é uma prisão para alma o que dizer quando a palavra seca, a voz cala e a mente peca?
2.
se tivesse um nome de acordo com a realidade
esse nome seria saudade.
3.
eu naufraguei, em algum lugar ou amor passado, em algum copo ou baseado.
já naveguei, sem destino e amedrontado, temendo os meus pecados.
mas ainda sou novo e consigo sorrir, mesmo das tempestades do porvir.
e quem branda contra a minha loucura que olhe para si mesmo e aceite a sua.
4.
coisas estranhas tem passado pela minha mente, estranhos sentimenos e formas inusitadas de enxerga-los. óbvio que tudo isso pode significar algum momento idiota que você simplesmente deveria ignora-lo ao invés de ficar digerindo por dias. é que esse lance de tentar ser o dr. manhattan tem fodido minha cabeça... eu tinha uma concepção do tempo e história que me parecia razoável e confortante, emprestada de um historiador gente boa. mas o manhattan me parecia mais interessante, embora dificil de ser aplicado... a idéia de que as coisas ainda estão acontecendo, mesmo no passado, tem me provocado reações estranhas. Em tentativas de cartografar todos movimentos e possibilidades no tempo e espaço, mesmo o movimento de coisas que não existiram ou deixaram de existir, de histórias que não foram contadas ou de vidas que não vivi têm me levado a ver a vida como um jogo de xadrez e não gosto de pensar nela dessa forma porque eu jogo xadrez mil vez melhor do como eu levo a vida.
Como não lido com "peças", a teoria do "xadrez da vida" deveria cair por terra embora eu possa estar analisando possiveis reações e bla bla bla... mas isso seria idiota da minha parte. A metáfora do xadrez só é válida quando você consegue enxergar o tabuleiro com outros olhos, usando menos matemática e mais poesia.
5.
mesmo agora que já não faça mais tanto sentido
eu vejo o tempo sendo tragado
e o significado abandonado
as custas de um engano prometido
me zanga teu equilíbrio forçado
como quem compra um rebolado
e calça sandalias novas para dançar
esse silencio evocado.
Como não lido com "peças", a teoria do "xadrez da vida" deveria cair por terra embora eu possa estar analisando possiveis reações e bla bla bla... mas isso seria idiota da minha parte. A metáfora do xadrez só é válida quando você consegue enxergar o tabuleiro com outros olhos, usando menos matemática e mais poesia.
5.
mesmo agora que já não faça mais tanto sentido
eu vejo o tempo sendo tragado
e o significado abandonado
as custas de um engano prometido
me zanga teu equilíbrio forçado
como quem compra um rebolado
e calça sandalias novas para dançar
esse silencio evocado.
6.
Mil noites com o tempo parecendo cacos de vidro
Com o silêncio agudo como um ruído
Mil goles brindando o delírio
Mil amores para achar o equilíbrio.
Ciladas Espaciais
1.
Quantos significados beijos e abraços
deram aos meus espaços?
E a saudade que tece seus traços
entre minhas entranhas, tijolos, asfaltos e braços?
Pode essa minha cidade; sobreviver
aos amores dessa mocidade?
A reconstruir constantemente, se for necessário.
Nunca sem amor, muito pelo contrário.
2.
existe uma cidade identica à vitória que por trás da realidade, invisível em sua forma e conteúdo, nasce e morre todos os dias ao contrário da slow death da cidade oficial. essa vitória invisível com seus sonhos mudos e seus diálogos nadaístas não tem medo de morrer, seus sonhos duram o necessário para amanhecer um outro dia.
é a cidade das prostitutas, dos mendigos e dos pivetes. a cidade dos que se perdem em sua rotina ou sentam num banco só para ver o tempo passar. é o desvio, o medo e o delírio. está fora das caixas de ferro motorizadas, dos engravatados, dos mapas oficiais e dos cartões postais.
3.
por mais que os monumentos erquidos ao ego tentem transparecer uma validade muito maior que seu merecimento por causa da suas armaduras de concreto e seus cálculos com margens de risco acima da média, sabemos muito bem que sua função inicial e importância evaporam-se tão rápidos quanto o mijo de um vagabundo no sol quente de todas as estações. ao uso coube o improviso como aquele que lida com o o novo a cada instante.
Por Juan Del Lírio
viciosimorais@yahoo.com.br
uma compilação fragmentada de textos para o zine True Lies